Sobre rosas, jardins e o tempo

Fotografia: Ian Schneider

Sempre gostei de flores. Desde que mudei para minha casa, um dos meus principais desejos é ter nela um jardim grande e colorido, com muitas flores. Nessa semana eu decidi que iria tentar fazer algo por isso, pois já passou-se um ano desde que moro aqui e meu jardim não saíra do anseio. 

Na verdade, para ser sincera, eu tentei. Há alguns meses eu ganhei umas sementinhas de uma flor chamada rosa do deserto. Me empolguei, cheguei em casa, adubei a terra, coloquei as sementinhas nela e molhei. Minha irmã havia trazido do trabalho umas mudinhas de outra flor. Plantamos. Surgiram algumas flores, mas no geral, foi um fracasso. As flores não se desenvolveram e nem minhas sementes brotaram. Tempo desperdiçado, concluí. Depois disso tudo, resolvi deixar essa ideia ter um jardim feito por mim de lado. Não estava dando nada certo e eu estava perdendo tempo; eu teria que pagar para fazê-lo e no momento isso não era minha prioridade. 

O período de chuvas na minha região está dando início agora. É curto, mas precioso. Nessa semana passei para observar o jardim novamente. Ao invés das minhas flores, meu canteiro estava tomado de ervas daninhas. Resolvi que, apesar de não ter flores nele, era melhor limpá-lo. E assim o fiz. Quando eu estava concluindo a limpeza, percebi uma plantinha diferente. Para minha surpresa, era um brotinho de rosa no deserto. Fiquei maravilhada. Naquele momento, comecei a observar e, em meio às ervas daninhas, haviam quatro mudinhas de rosa no deserto. Na mesma hora, aquela situação falou algo ao meu coração. 

Enquanto eu estava ainda com as mãos sujas de terra, pensei em como essa situação em meu jardim, me ensinaria algo sobre Deus. Fiquei pensando em como a nossa vida e nosso relacionamento com o Pai pode ser como o meu jardim. Às vezes nos direcionamos ao Senhor e esperamos respostas imediatas. Queremos e ansiamos que o socorro que buscamos apareça de imediato,  como eu quis que fosse com as flores das sementes recém plantadas. Mas não funciona assim. A Palavra do Senhor nos orienta a sermos pacientes, porque para tudo há o seu tempo. O Senhor fez questão de que soubéssemos que haveria o momento certo e preciso para todas as coisas. (Ec 3). 

Entretanto, há uma questão crucial nisso tudo: a desistência. Eu havia desistido do meu jardim e quase, acidentalmente e por descuido, iria arrancar junto às ervas daninhas, as minhas tão aguardadas rosas. Isso me faz pensar em quantas vezes perdemos o "time" de Deus. Soa estranho?  Mas pare e pense em quantas vezes você quase desistiu de algo por não ter notado o quão aquilo era benção de Deus? Isso me faz pensar no quanto a graça e bondade do Senhor são grandes. Mesmo nós, sendo descuidados, Ele, soberanamente, volta o nosso olhar à vontade dEle para que não sejamos consumidos por nossa imperfeição. (Lm 3:22). 

Deus age no momento certo. Ele sempre faz tudo no exato segundo que deveria ser feito. Marta e Maria achavam que Jesus estava atrasado, mas aos olhos do Senhor, Lázaro ainda vivia. E a ele estava certo. Como eu disse, o período de chuvas aqui está chegando. Diferentemente daqui, as chuvas de Deus fluem constantemente. Não é necessário esperar uma melhor época. Todo tempo é bom, porque em todo tempo o Senhor é bom e se faz presente (Mt 28:20).

Talvez esse período de seca seja apenas parte do silêncio de Deus. E esse silêncio não é ruim, afinal todas as coisas cooperam. Jó, certamente, saberia explicar-nos melhor sobre esse silêncio. Se hoje há alguma área da sua vida que precisa ser limpa, que precisa que  sejam retiradas as ervas daninhas, confie ela ao Senhor. Não se esconda, pois só Cristo pode fazer com que tenhamos vida em  abundância. Talvez sua resposta sobre isso não venha de imediato, mas o Senhor Jesus Cristo nos fez  não só uma promessa, mas várias em que Ele nos ordena a crermos em Sua presença real. 

As águas do Senhor sempre estão fluindo até mesmo em meio à seca. Confiemos, permanentemente, no Senhor porque Ele tem cuidado de nós da mesma forma que cuidou das sementes que lancei à terra e Ele, a seu tempo, trouxe vida.  

"Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?" (Mt 6:28-30)

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